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AMIR LABAKI

01/07/2014

AMIR LABAKI

Jornalista, curador, escritor, crítico de cinema e diretor do principal evento dedicado à cultura do documentário na América Latina, o É Tudo Verdade.

 

Formado em Cinema na Escola de Comunicações e Artes da USP, iniciou a carreira na imprensa como editorialista do Jornal Folha de São Paulo, onde também foi correspondente cultural em Nova York. Autor de doze livros sobre Cinema e História, escreveu para teatro a peça “Lenya”. Foi ainda por duas vezes diretor técnico do Museu da Imagem e do Som da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Seu primeiro documentário de longa-metragem, “27 Cenas sobre Jorgen Leth” (2009) foi exibido em inúmeros países. Amir Labaki é fundador e diretor do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, que chega pela terceira vez ao Oi Futuro Belo Horizonte. Nesta edição, a retrospectiva internacional apresenta a obra documental de  Shohei Imamura (1926 – 2006), considerado um dos mais importantes cineastas japoneses de todos os tempos. Na retrospectiva nacional a homenageada será Helena Solberg.

 

OF. O É Tudo Verdade chega pela terceira vez a Belo Horizonte. O que o público mineiro pode esperar desta nova edição?

AL. O público mineiro poderá conhecer uma safra marcada pela renovação estética e geracional. Uma produção em marcado diálogo com as outras artes. Além disso, creio ser uma revelação a obra de Helena Solberg, a primeira documentarista brasileira homenageada com uma retrospectiva pelo festival.

 

OF. A retrospectiva internacional apresenta a obra documental de Shohei Imamura. Fale sobre este cineasta japonês, considerado um dos mais importantes da atualidade.

AL. Shohei Imamura (1926-2006) foi um dos mais inquietos realizadores japoneses da geração revelada já no pós-guerra. Foi um dos mais perturbadores cineastas da “nouvelle vague” japonesa (“A Mulher Inseto”, “Os Pornógrafos”) e alcançou a partir da década de 1980 consagração mundial com duas Palmas de Ouro em Cannes (“A Balada de Narayama” e “A Enguia”). Entre o final dos anos 1960 e meados dos 70, Imamura entrou em crise com a narrativa ficcional e mergulhou numa década de produção de documentários sobre tabus da sociedade nipônica e asiática, em filmes como “Um Homem Desaparece” e “Karayuki-san – A Fabricação de Uma Prostituta”. É sobre esta fase desconhecida de sua carreira que nossa retrospectiva lança luz aqui pela primeira vez.

 

OF. Você costuma afirmar que o documentário está em transformação e, por consequência, mais receptivo às outras artes. O que mudou realmente no gênero nos últimos dez anos?

AL. Uma tendência marcante é a da incorporação de elementos de outros gêneros cinematográficos e artísticos, como a animação, a ficção e o teatro. O documentário tem ampliado a sua palheta, experimentando novos dispositivos narrativos.

 

OF. Fale sobre a evolução do É Tudo Verdade, desde a sua criação, em 1996.

AL. O festival surgiu como uma mostra não-competitiva, pioneira na América Latina como janela exclusiva para a produção não-ficcional brasileira e internacional. Incorporou já em seu segundo ano competições nacionais e estrangeiras e ampliou o espaço para retrospectivas, empenhando em trazer para o público brasileiro a rica história do gênero. Ao mesmo tempo que se consolidou como o principal evento de lançamento das novas safras do documentário no país, expandiu-se para além das sedes em São Paulo e no Rio de Janeiro com itinerâncias pelo país, como a estabelecida em parceria com a Oi em Belo Horizonte há três anos.

 

OF. Em que medida, o impacto da revolução digital contribuiu para tornar o documentário mais acessível ao público?

AL. Para a ampliação de sua visibilidade, tem sido fundamental o relativo barateamento trazido pela distribuição digital em salas de cinema. Tanto é assim que cerca de um terço dos lançamentos nacionais em circuito há meia década é representado por documentários.

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