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APICHATPONG – O CULTUADO CINEASTRA TAILANDÊS EM SUA PRIMEIRA EXPOSIÇÃO NO RIO

11/12/2013

APICHATPONG – O CULTUADO CINEASTRA TAILANDÊS EM SUA PRIMEIRA EXPOSIÇÃO NO RIO

Considerado uma das vozes mais originais do cinema atual, o artista multimídia tailandês Apichatpong Weerasethakul acumula seis longas, diversos curtas e instalações que lhe renderam reconhecimento internacional e inúmeros prêmios em festivais de todo o mundo. Nascido em Bangkok, em 1970, começou a fazer filmes e vídeos em 1994 e concluiu o seu primeiro longa-metragem em 2000. Ele recria fronteiras entre a ficção e o documentário, o realismo e alegoria, a memória e o presente. Sua obra está especialmente centrada nas questões que envolvem a força da natureza (o rio, a floresta, os animais), que vem da forte tradição budista de seu país, e as forças sobrenaturais dos fantasmas (influenciado pelo animismo). O trabalho de Apichatpong pode ser apreciado no Oi Futuro Flamengo, até o dia 9 de fevereiro de 2014.
Aqui uma conversa com o artista, que apresenta, pela primeira vez, uma mostra no Rio de Janeiro.

 

OF. Suas obras não lineares, líricas e, muitas vezes, misteriosas, lidam com a memória e invocam, de maneira sutil, questões sociais e de política pessoal. Que tipo de influência você recebeu do seu país de origem, a Tailândia?

Apichatpong. A Tailândia é um país de contradições. Quanto mais eu vivo aqui, mais eu continuo perplexo com a coabitação entre o velho e o novo. Somos pró-animistas e capitalistas. Eu tenho um carinho pelo ambiente antigo, especialmente, os verdes, que desaparecem rapidamente. Mas nós ainda nos agarramos às forças invisíveis, como fantasmas e carma. Eu acho que isso é semelhante em muitos países. Nós também estamos praticando a nossa antiga crença na política, a adoração ao culto da personalidade. Então, isso provoca uma grande confusão no parlamento, quando você não consegue raciocinar cientificamente. Eu acho que meus filmes são como animais híbridos, tal qual o modo como operamos em nossas vidas diárias.

 

OF. Como é trabalhar de forma autônoma e promover o cinema experimental e independente?

Apichatpong. Eu realmente não posso manter minhas obras novas aqui. Eu acho que é bom que existam fragmentações, especialmente com a que está acontecendo na internet. Então, eu me concentro no meu trabalho e naquilo que eu produzo. De vez em quando, eu me torno ativo na promoção da liberdade do cinema contra a censura, que estará conosco por um longo tempo.

 

OF. Qual a importância desta primeira exposição no Rio de Janeiro, especialmente, no Oi Futuro?

Apichatpong. Na minha viagem ao Brasil, há quatro meses, fiquei surpreso ao descobrir que há um grande número de pessoas que conhecem o meu trabalho, principalmente os meus longas-metragens. Assim, eu fico curioso e animado para compartilhar um tipo diferente de trabalho em uma estrutura de instalação. Espero que o público do Rio faça a ligação com os longas, e possa expandir este jogo de memória ainda mais. É como você começar a conhecer alguém mais profundamente.

 

OF. Como surgiu a ideia de filmar “Hotel Mekong”?

Apichatpong. Eu adoro o terraço desse hotel, que tem vista para o Rio Mekong. Eu visito regularmente minha atriz que está vivendo nas proximidades do local. Eu quero manter esta lembrança dela e do terraço, da água.

 

OF. Quais os seus próximos projetos?

Apichatpong. Eu estou em uma fase de pré-produção de um longa-metragem chamado CEMITÉRIO DOS REIS. Terá locações perto do Rio Mekong novamente. É uma comédia triste sobre um grupo de soldados que dormem muito. E isto se torna contagioso. Meus atores regulares estarão no elenco e tenho certeza que vamos ter um momento interessante.

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