Quem não tem lembranças marcantes de transformação e descobertas na sala de aula? Existem professores com a capacidade de expandir a nossa consciência e nos transportar a universos diferentes, produzindo mudanças profundas nas nossas vidas.

Daniel e Cecília comandam as aulas de filosofia do ensino regular no NAVE, mas de um jeito diferente. Daniel entrou no corpo docente com uma proposta de experimentação, o que combinou com o planejamento da também professora Cecília e logo iniciaram uma parceria que leva os alunos para uma viagem interna e muitas vezes também externa, já que quando sentem necessidade se organizam para visitas a Paquetá, Parque Lage, Centro e outros espaços que promovam experiências acerca dos temas levantados. Essas aulas excêntricas movimentam toda a escola, como nos contou o Daniel: “Tem uma coisa que aqui acontece que é linda! Tem aluno do primeiro ano que na hora do almoço vai à aula do terceiro ano”.

O interesse crescente foi uma oportunidade para que a sintonia dos dois se tornasse uma produção compartilhada. Agora trabalham dobrado, e juntos dão aula a todas as turmas. “Nossas aulas não são mais do Daniel nem da Cecília. Essas aulas são de Filosofia, e tomam um caráter público. Os alunos se sentem mais donos daqueles momentos”. Se funciona? Muito bem! E “funciona por várias razões, mas a principal é que nós dois somos muito abertos ao diferente. Até tem horas que a gente não é, mas o importante é fazer esforço pra desconstruir isso”.

Segundo Daniel e Cecília, os alunos entendem que suas  as aulas são de experiência de pensamento. “Os alunos se tornaram mais questionadores, e a aula é um espaço de escuta. Ensinar Filosofia não é uma tarefa fácil, e às vezes eles questionam:  “Pra quê que serve a Filosofia?”  A resposta é simples: “Filosofia não serve. O maior elogio que a gente pode fazer à Filosofia é o fato dela ser desnecessária. A gente tá aqui pra ter um tempo livre. Um tempo pra pensar.”