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ENRIQUE DIAZ EM SEU PRIMEIRO MONÓLOGO COMO ATOR

07/06/2013

ENRIQUE DIAZ EM SEU PRIMEIRO MONÓLOGO COMO ATOR

Nascido em Lima (Peru) e radicado no Brasil, um dos fundadores da Cia dos Atores, com um trabalho reconhecido pela experimentação e metalinguagem, Enrique Diaz contabiliza mais de 20 peças encenadas. Prestigiado por suas concepções cênicas, ele estará a partir de junho, no Oi Futuro Flamengo, com o monólogo “Cine Monstro: Versão 1.0”. O mesmo palco onde apresentou, em 2009,  “In On It”, também de autoria do canadense Daniel MacIvor, e que recebeu dois Prêmios Shell – Melhor Ator para Fernando Eiras e Melhor Direção para Enrique Diaz.

Agora, com o apoio do Oi Futuro  ao novo espetáculo, fecha-se uma trilogia: “In On It”, “A Primeira Vista” e “Cine Monstro”. Ou seja,  o Oi Futuro, Daniel MacIvor e Enrique Diaz estiveram juntos nas três montagens.

OF. Em curto espaço de tempo, você já montou três textos de Daniel MacIvor – “In On It”, “A Primeira Vista” e, agora, “Cine Monstro Versão 1.0”. Quais os principais aspectos na obra desse autor canadense com que você mais se identifica?  

ED. O Daniel consegue equalizar brilhantemente um humor fino, que me parece ser dele mesmo, pessoalmente,  com um convite ao engajamento do espectador que não se vê muito nos textos atuais.Acho que os temas e a estrutura se combinam brilhantemente e tornam as peças muito atraentes. A visão de mundo, especialmente no que se refere a uma compreensão dos afetos, é muito interessante, e ele costura isso com uma carpintaria que deixa o espectador e ao mesmo tempo mantendo a humanidade. O desejo de convidar o espectador a se deslocar constantemente também me atraiu muito, a oscilação entre drama e comédia, entre algo de fundo beckettiano e algo de uma narrativa mais cinematográfica.

OF. Em “Cine Monstro Versão 1.0”, você  interpreta uma série de personagens cujas vidas se mostram relacionadas. Fale um pouco sobre esse processo.

ED. Isso está na estrutura do texto, é a construção dramatúrgica que realiza o milagre. Só que ele escreve para ser feito por um ator só, e no caso ele mesmo fazia quando a peça estreou, na década de noventa. É muito interessante conhecer o texto e saber que o público vai traçando relações entre os diferentes personagens e as diferentes histórias, até perceber que o quadro geral revela uma série de coisas que não estavam previstas no início.

OF. Como é atuar pela primeira vez em um monólogo?

ED.Tem sido bem curioso nas apresentações de processo que fizemos em Curitiba e em São Paulo.  A dificuldade maior é que nessa altura do campeonato, não tem muito sentido ensaiar sem o público, porque a coisa acontece na comunicação direta com o público, o diálogo é com o público. É muito interessante e bem diferente da contracenação com outro ator e tenho achado um acerto decidir fazer essa peça, porque é um aprendizado grande, específico, novo. O texto ajuda demais, porque é incrivelmente bem escrito, e também a colaboração da equipe, tanto a que me ajudou a criar o trabalho como os técnicos que estão comigo no espetáculo, a quem tenho que agradecer muito.

OF. Suas peças têm a marca indelével de um diretor que é também ator. Mas o que vem primeiro, o diretor ou o ator Enrique Diaz?

ED. Hoje em dia já está tudo muito misturado, mas o ator veio primeiro, porque pelo menos para mim o princípio da imaginação, se deixar levar por uma informação de personagem, de estar no mundo diferente da sua tem muito a ver   com o jogo, com a criança, com a fábula. Então acho que o diretor que está ali no fundo está querendo que a plateia resgate uma sensação que é a da criança, que é de se deixar levar, viajar, se deslocar, uma coisa que a literatura faz com a gente também… Então hoje isso fica presente, e fica misturado, direção, decisão sore as “coisas” da cena, e atuação, essa viagem com essas mesmas “coisas” da cena…

OF.Quais os principais elementos na concepção de seus espetáculos?

ED. Não sei se eu entendi a pergunta, mas vai depender do espetáculo. Se parto de um texto ou não, se requer mais pesquisa de matérias ou não, se é um trabalho mais coletivo ou não, se a música tem uma importância de base ou não. No caso deste trabalho, era basicamente o texto, me relacionar com ele, ter tempo pra conviver com ele e ficar a vontade com ele, o vídeo como interlocutor mais forte e um trabalho de sonoridade, que inclui a música mas também os efeitos de narrativa, filtros na microfonação, etc. E claro, o espaço e a luz, a cenografia e a espacialização que a luz realiza.

OF.E os demais projetos para 2013? Alguma nova montagem?

ED. Estou fazendo umas coisas em cinema, e propondo um projeto para TV, que espero que caminhe. Fora isso tenho um projeto de que não sei se é para esse ano, um texto japonês contemporâneo, e tenho viagens com A Primeira Vista, peça que dirigi e produzo com Mariana Lima e Drica Moraes.

 

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