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GUIDA VIANNA E O TEATRO: “Me alimento, me renovo, me transformo quando é de qualidade”

01/08/2017

GUIDA VIANNA E O TEATRO: “Me alimento, me renovo, me transformo quando é de qualidade”

Formada em Comunicação Social pela PUC-RJ, estudou teatro no Tablado, entre 1971 e 1975, onde, desde 1980, leciona improvisação teatral, tendo dirigido mais de 20 peças com seus alunos. Participou de oficinas com Sergio Britto, Amir Haddad e Augusto Boal, Klauss Vianna e Glorinha Beuttenmuller. Atuou em seis novelas, quatro minisséries e sete filmes. Atriz, diretora e produtora, Guida Vianna foi indicada quatro vezes ao prêmio de melhor atriz, ganhando o Prêmio Shell, em 2004, e o Prêmio Qualidade Brasil 2006. Já participou de mais de mais de 30 espetáculos e agora, ao completar quatro décadas de carreira, estreia no Oi Futuro Flamengo, como protagonista de “Agosto”.

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OF. O roteiro de Tracy Letts tornou-se mundialmente conhecido em 2013 ao inspirar o filme “Álbum de Família”, protagonizado por Meryl Streep e Julia Roberts e, no teatro, pela argentina Norma Aleandro. Quais os maiores desafios de viver, agora, a personagem Violet Weston?
GV. É preciso entender que nós não estamos reproduzindo o filme com a Meryl Streep e Julia Roberts. Estamos montando o texto teatral do Tracy Letts, que é anterior ao filme. Se eu pensasse um minuto que seja que estou fazendo o papel da Meryl, eu nem faria a peça. A minha abordagem para Violet Weston é uma leitura sobre uma mãe de família com três filhas que está numa situação limite pelo desaparecimento do marido e a evolução de seu câncer. Contribui muito para a vivência da personagem o fato de o diretor André Paes Leme não estar realizando uma montagem realista, mas um trabalho de grupo.

OF. Como foi a sua dinâmica com o elenco, a construção de cena dentro do espetáculo?
GV. Somos um elenco teatral, com atores de larga vivência nos palcos cariocas. Eu me reconheço nos meus colegas durante o processo de ensaio. Estamos construindo juntos o espetáculo. Somos o que se pode chamar “gente de teatro”. É claro que é sempre um desafio fazer um papel associado a grandes atrizes. Mas não penso nisso. Penso sempre na construção teatral. Se não fosse assim, eu não teria feito Hamm,  de Samuel Beckett, em “Fim de Jogo”, personagem associado a grandes atores. Espero que a minha Violet seja humana e de acordo com a montagem e a linguagem que o diretor está imprimindo.

OF. Qual a sua opinião sobre o teatro que é produzido hoje no Rio de Janeiro?
GV. Acho o teatro produzido no Rio de Janeiro ótimo. Ele é versátil, é dinâmico e se regenera em todas as crises que vivemos. É impressionante a capacidade que o teatro tem de se renovar na cena carioca. A cada geração, novas ideias, novas linguagens, novas propostas. Ótimos atores, diretores, cenógrafos e dramaturgos que surgem e renovam a cena da cidade.

OF. Ao longo de seus 40 anos de carreira, você atuou em novelas, minisséries, filmes e peças de teatro. Pode fazer um balanço sobre essa trajetória?
GV. Estou comemorando 40 anos de profissão. Hoje em dia, sou sempre a mais velha do elenco. Então, posso dizer que é uma vida passada nos palcos. Tenho orgulho de ter sobrevivido de teatro. Nunca fui contratada de nada. Sou uma autônoma que viveu de arte. Sou uma sobrevivente. E isso foi bom, porque me deu muita experiência. Além dos trabalhos de grupo (a minha formação), já representei vários autores importantes (Brecht, Arrabal, Shakespeare, Albee, Beckett, Pinter, Tennesse Williams, Schinitzler, Sheridam, Visniec, etc..). Foi sempre uma grande aventura. Sou muita grata por ter tido coragem e persistência esses anos todos. Tudo valeu a pena, até os fracassos.

OF. O que você gosta de ver no teatro e quais os nomes que mais admira?
GV. Eu vejo muito teatro. Não só faço como vejo também. Gosto tanto das montagens convencionais (porque adoro a dramaturgia e a renovação dos clássicos), como os de pesquisa de linguagem cênica. Vejo tudo. Me alimento, me renovo, me transformo quando é de qualidade. Admiro muito os artistas que vieram antes de mim porque me educaram para o palco. E os da nova geração porque me apontam o novo. E sobretudo, amo os atores.

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