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REFLEXÕES DE CIBELE FORJAZ SOBRE A MONTAGEM “O HOMEM ELEFANTE”

23/12/2014

REFLEXÕES DE CIBELE FORJAZ SOBRE A MONTAGEM “O HOMEM ELEFANTE”

Graduada em Artes Cênicas com habilitação em direção teatral pela Universidade de São Paulo, em 1989, mestrado em Artes e doutorado e Artes Cênicas, também pela USP, Cibele Forjaz é diretora, iluminadora teatral, professora e pesquisadora. Em sua formação, passa pelo Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho, e pelo curso de direção teatral da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Seus primeiros trabalhos são realizados com o grupo Barca de Dionisos, do qual é uma das fundadoras, juntamente com o diretor William Pereira. Com o grupo de teatro Cia Livre, onde assina a direção artística, apresentou espetáculos memoráveis, como “Toda Nudez Será Castigada”, de Nelson Rodrigues, “Um Bonde Chamado Desejo”, de Tennessee Williams, e “Arena Conta Danton”, com dramaturgia de Fernando Bonassi, entre outros sucessos. Agora, Cibele é responsável pela encenação e direção de “Um Homem Elefante”, em cartaz no Oi Futuro Flamengo. Imperdível!

 

OF. Como encenadora, diretora e light designer, você costuma se integrar às mais inquietas correntes da pesquisa cênica. Como define o seu trabalho?

CF.   Sou antes de tudo uma “mulher de teatro”, já fiz de tudo no teatro e na minha formação, como iluminadora, ainda muito jovem, trabalhei com muitos diretores diferentes e experimentei várias linhas e tipos de teatro…

Escolhi de forma bem madura o teatro de grupo como meu território de pesquisa na linguagem teatral e, principalmente, como canal de ação na sociedade. Em quase trinta anos de teatro, participei ativamente de três  grupos: A Barca de Dionísos (1986-1991); Teatro Oficina Uzyna Uzona (1992-2001) e a Cia.Livre (desde 1999). Com o tempo, acabei descobrindo que o trabalho da direção, para mim, é mais do que definir as formas de um espetáculo, trata-se da construção de um processo de criação em coletivo.  Então, fazemos processos longos de pesquisa, de um a dois anos, que vão desde a relação do teatro com outras ciências e linhas de pensamento, como a história, a antropologia e a literatura, passando  pela construção dramatúrgica ou adaptação dos textos, até a construção coletiva da linguagem específica de cada espetáculo.

 

OF. A história de Joseph Merrick está em livros, peças de teatro, além do cinema. Foi sucesso na Broadway, na década de 80, com David Bowie no papel título. Fale um pouco sobre a construção do espetáculo “Um Homem Elefante”, que chega ao Oi Futuro.

 

CF. Não vi, nem estudei  nenhuma montagem anterior. Preferimos estudar o texto e as suas referências diretas, principalmente o relato de Sir Frederick Treves, médico inglês que conta a história de seu paciente Joseph Merrick, conhecido como o Homem Elefante. Este relato é a fonte de todas as demais  adaptações, incluindo a peça de Bernard Pomerance e o Filme de David Linch. Vi o filme há muitos anos. Assisti novamente assim que a Cia. Aberta me convidou para o projeto. Depois, não vi mais. Mas é um filme inesquecível.

 

OF. Michael Jackson teria tentado comprar os ossos de Merrick do Royal London Hospital, em 1987. O “rei do pop” se via refletido na história do Homem Elefante e temia que as pessoas prestassem mais atenção em sua aparência do que em sua obra. O que você vê de mais extraordinário na vida de Merrick.

 

CF. O duelo ideológico entre a chamada “civilização ocidental” e a “barbárie”, que por sua vez remete ao terceiro mundo. O monstro interior de cada um, que buscamos “domesticar”. Que “mostro” será esse, que leva tantas pessoas ao teatro? O que elas procuram? A história continua, porque “O Homem Elefante” ainda exerce um poder encantatório sobre os espectadores, talvez porque estes projetem sobre um “outro”, o que temem em si mesmas.

 

OF. O que representa este novo projeto com a Cia Aberta?

 

O projeto é da Cia. Aberta. Vandré, David e Daniel viram O Idiota, aqui no Rio… Pegaram um ônibus e foram até a minha casa em São Paulo, para me fazer o convite. Gostei do texto e, principalmente, do desejo dos três atores de viver essa história, incrível. O brilho no olhar deles me cativou. Eles mudaram para São Paulo e, junto com Regina França, encararam 8 horas de ensaios diários. Chamei Wagner António, um jovem diretor talentosíssimo, para dirigir comigo. Este é, antes de tudo, um trabalho de equipe.

 

 

 

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